Apicultores apoiados pelo FRESAN na província da Huíla melhoram os seus rendimentos ─ testemunho de Segunda Mutunda, presidente da Associação de Produtores Agropecuários

28/4/2023 1:38 PM

Segunda Mutunda é o presidente da Associação de Produtores Agropecuários Embela Mabululo Caquemba, localizada em Nombuaneno, comuna de Quihita, município da Chibia, província da Huíla. Com passo calmo, mas firme, leva-nos a percorrer as colmeias melhoradas que, com o apoio do FRESAN, alguns produtores da associação já implementaram e que lhes permite rentabilizar a produção de mel actual. Por ora, são poucos os produtores que investem na atividade mas, garante Segunda, "serão mais".

Na Associação Embela Mabululo Caquemba, "cultivamos massambala num campo colectivo e criamos animais como o boi, o cabrito, o porco e a galinha". Mas há animais mais pequenos como as abelhas ─ com um desempenho fundamental para o equilíbrio do ecossistema ─, que têm igualmente cooperado para a produção de produtos complementares e rendimentos extra de membros da associação.

 Para o aproveitamento de produtos florestais não madeireiros, o projecto EHOLE ─ subvencionado pelo Camões, I.P. no âmbito do Programa FRESAN, com financiamento da União Europeia, e implementado pela ADRA - Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente em parceria com o Instituto Superior Politécnico da Tundavala e a Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos ─, facultou quatro formações sobre práticas de apicultura melhorada. Uma acção empreendedora com foco no maneio de apiários e cadeia produtiva e de valor do mel e derivados, junto de membros de associações e cooperativas de produtores agro-pecuários dos municípios da Humpata, Chibia e Gambos, para os apoiar rumo ao aumento da produtividade apícola e à sua ligação ao mercado.

Vários factores influenciam a produção de mel, como a existência de plantas melíferas, o clima, a altitude, o espaço disponível, a qualidade genética das abelhas e o próprio manejo das colmeias. As formações realizadas encorajaram os produtores apícolas familiares a conciliarem o uso de colmeias tradicionais, designadas de "cortiço", com colmeias melhoradas, bem como a reduzir o uso do fogo que conduz ao extermínio dos enxames e à deterioração da qualidade do mel. 

No maneio tradicional, "tiramos o mel da colmeia com fogo, pomos o mel num balde e estendemos ao sol, e aquilo por baixo começa a derreter; em baixo do balde furamos para o mel sair e tiramos, geralmente, 1 a 3 litros por colmeia", descreve Segundo. Com as colmeias melhoradas ─ penduradas por fios nas árvores, em dois estratos ─, a extracção dos favos de mel não recorre ao uso de fogo, potencia-se a quantidade de mel até 15 litros por colmeia e afastam-se perigos: "há bichos que comem as colmeias, mas, com elas lá no alto, sobrepostas, já não estragam", garante.

No seguimento do processo formativo realizado, foram entregues kits de apicultura a 15 formandos com um maior índice de crescimento na actividade apícola, de forma a potenciar a sua produção de mel. Dos kits entregues fazem parte colmeias melhoradas modelo langstrot, fato de apicultor(a), luvas de protecção, botas, fumigadores, garfo desoperculador (para retirar a cera dos favos) e balde para colocar os favos.

Da árvore, os favos de mel são cuidadosamente extraídos mediante a remoção dos quadros em que estão presos, com o uso de um fumigador com algumas ervas aromáticas que afugentam as abelhas. Depois, com uma faca, cortam-se os favos que são colocados num recipiente ou balde de forma higiénica, e são posteriormente levados para processamento. O produto final obtido - o mel - ajuda no tratamento de muitas doenças, tais como tosses e dores de barriga, e também cura feridas.

As bebidas caseiras à base do mel têm servido para consumo próprio e para os processos de trabalho no sistema de inter-ajuda chamados de "ndjuluca" ou "ndjambi", para facilitar as lavouras e a preparação da terra para o cultivo, a construção de cercas e outros trabalhos. Bebidas como o hidromel também são usadas como medida de troca para a obtenção de outros produtos e serviços.

 

Segunda Mutunda leva directamente o mel ao mercado. "Eu apanho o mel e,  quando reúno uns 5 ou 6 litros, levo-o ao mercado a vender; com o dinheiro que recebo ou invisto na lavra ou compro um animal ou outra coisa de valor", partilha, na esperança de ver o negócio crescer e a qualidade de vida melhorar.

O EHOLE (Elisilo Iyo Nongombe) ─ Projecto de Fortalecimento das Práticas de Maneio de Pastos nas Comunidades Agro-pastoris da Província da Huíla visa contribuir para a redução da fome, pobreza e vulnerabilidade à insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável da agricultura familiar nos municípios da Humpata, Chibia e Gambos, província da Huíla, junto de 5.381 produtores agrícolas/criadores de gado.

 

 

 

 

 

 

 

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