O presidente da Associação de Produtores Agropecuários Embela Mabululo Caquemba, Segunda Mutunda, na localidade de Nombuaneno, comuna de Quihita, município da Chibia, província da Huíla, manifesta satisfação na melhoria dos rendimentos com o apoio do FRESAN.
Contado na primeira pessoa o Sr. Segunda Mutunda mostrou o seucontentamento pelos feitos realizados na sua comunidade.
“Como passo calmo, mas firme, leva-nos a percorrer as colmeias melhoradas, que com o apoio do FRESAN alguns produtores da associação já implementaram e lhes permite rentabilizar a produção de mel actual. Por ora, são poucos os produtores que investem na actividade mas serão mais. Cultivamos massambala, num campo colectivo, e criamos animais como o Boi, o Cabrito, o Porco e a Galinha. Os animais mais pequenos como as Abelhas, com um desempenho fundamental para o equilíbrio do ecossistema, têm igualmente cooperado para a produção de produtos complementares e rendimentos extras para os membros da associação, sublinhou Mutunda”.
Para o aproveitamento de produtos florestais não madeireiros, o projecto EHOLE subvencionado pelo Camões, no âmbito do programa FRESAN, financiado pela União Europeia e implementado pela ADRA, em parceria com o Instituto Superior Politécnico da Tundavala e a Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, promoveu quatro formações sobre práticas de apicultura melhorada, maneio de apiários e cadeia produtiva e de valor do mel e derivados, com os membros das associações e cooperativas de produtores agro-pecuários dos municípios da Humpata, Chibia e Gambos, para os apoiar no aumento da produtividade apícola e na sua ligação ao mercado. “Vários factores influenciam a produção de mel, como a existência de plantas melíferas, o clima, a altitude, o espaço disponível, a qualidade genética das abelhas e o próprio manejo das colmeias”.
As formações realizadas encorajaram os produtores apícolas familiares a conciliarem o uso de colmeias tradicionais, designadas de “cortiço”, com colmeias melhoradas, bem como a reduzir o uso do fogo que conduz ao extermínio dos enxames e a uma deterioração da qualidade do mel.
“No maneio tradicional, tiramos o mel da colmeia com fogo, colocamos o mel no balde e estendemos ao sol para derreter; após a este processo, furamos o balde na parte de baixo e retiramos geralmente um a três litros de mel por colmeia. Com as colmeias melhoradas e penduradas por fios nas árvores em dois estratos, a extracção dos favos de mel não implica o uso de fogo, potencia-se a quantidade de mel até 15 litros por colmeia e afastam-se perigos. Há bichos que comem as colmeias, mas, com elas lá no alto, sobrepostas, já não estragam, garante Segundo Mutunda.
No seguimento do processo formativo realizado, foram entregues kits de apicultura a 15 formandos que registaram um maior índice de crescimento na sua actividade de apicultura, de forma a potenciar a sua produção de mel. Dos kits fazem parte colmeias melhoradas modelo langstrot, fato de apicultor(a), luvas de protecção, botas, fumegadores, garfo desoperculador (para retirar a cera dos favos) e balde para colocar os favos.
Da árvore, os favos demel são cuidadosamente extraídos mediante a remoção dos quadros em que estão presos com o uso de um fumegador com algumas ervas aromáticas que afugentam as abelhas. Depois, com uma faca, cortam-se os favos que são colocados num recipiente deforma higienica e posteriormente levados para processamento.
O produto final obtido, ajuda no tratamento de muitas doenças, tais como tosses, dores de barriga e cura feridas. As bebidas caseiras a base do mel, têm servido para consumo próprio e para os processos de trabalho no sistema de inter-ajuda chamados de "ndjuluca" ou "ndjambi", para facilitar as lavouras e a preparação da terra para o cultivo, a construção de cercas e outros trabalhos. Bebidas como o hidromel também são usadas como medida de troca para a obtenção de outros produtos e serviços. Segunda Mutunda, leva directamente o mel ao mercado." Eu apanho o mel e levo ao mercado para vender, sempre que reúno 5 ou 6 litros; com o dinheiro que recebo, invisto na lavra ou compro um animal ou outra coisa de valor, na esperança de ver o negócio crescer e a qualidade de vida melhorar.
O projecto EHOLE, (Elisilo IyoNongombe), projecto de Fortalecimento das Práticas de Maneio de Pastos nas Comunidades Agro-pastoris da Província da Huíla, visa contribuir para a redução da fome, pobreza e vulnerabilidade, a insegurança alimentar e nutricional, através do fortalecimento sustentável da agricultura familiar nos municípios da Humpata, Chibia e Gambos, província da Huíla com cerca de 5.381 produtores agrícolas/criadores de gado.