No encontro, 118 mulheres, entre membros das comunidades, quadros das instituições públicas e da ADRA, partilharam a sua situação familiar e financeira que se viu agravada com a pandemia da Covid-19.
Cipriana Josefa conta que “aqui na Chicuma nunca vimos essa crise, os nossos pais só nos diziam, mas a nossa geração nunca viveu. O preço do milho que era 50 kz passou para 100, 150, hoje custa 200 kwanzas e o quilo de fuba custa 250 kz. Por causa da fome muitas pessoas das comunas vizinhas vêm comprar o milho aqui. Até mesmo algumas saem de Benguela.”
As moradoras da comuna do Kasseque afirmam haver dificuldades na realização de pequenos negócios, porque as pessoas vão perdendo o poder de compra.
A reflexão em torno do impacto económico e social da Covid-19 na vida das mulheres, também permitiu saber a situação das familias quanto à convivência nos lares, tal como conta Cipriana Josefa, da comuna da Chicuma:
“Os homens de algumas mulheres foram para Luanda e até aqui não voltaram. A situação está mesmo difícil, não temos como sustentar os nossos filhos”.
Felicia Jamba, parteira da comuna do Kasseke contou algumas situações vividas por muitas mulheres: “aqui muitos homens batem nas mulheres por motivos simples. Umas até não podem se higienizar porque se não o marido desconfia de traição.”
“Até para ir ao parto vão mesmo assim, nós como parteiras as vezes é que fazemos a higienização e depois os maridos até cobram os pelos. Estamos a sofrer muito” acrescentou.
São muitas as dificuldades que as famílias atravessam nesta época de pandemia. A ADRA nas suas acções, tem promovido o equilíbrio e justiça de género, através de processos equitativos que contribuam para o desenvolvimento na relação de papéis entre homens e mulheres, tendo sempre em vista o desenvolvimento das comunidades no seu todo.
Esta acção foi desenvolvida pela ADRA com o financiamento da organização sueca, Afrikagrupperna.