Ambiente: “Podemos mudar o nosso futuro?”

31/1/2022 4:51 PM

“Pelo que vimos e ouvimos, podemos mudar o nosso futuro a tempo?”, questionou o activista climático Carmo Monte Negro aos participantes do Encontro Temático de reflexão sobre o Ambiente e as Alterações Climáticas, realizado pela ADRA no dia 27 de Janeiro, em alusão ao Dia Nacional do Ambiente, que se assinala a 31 de Janeiro.

A questão foi colocada logo após a exibição do documentário “Before the Flood” (Antes da Enchente, do Inglês), que retrata o percurso pelo mundo do actor de Hollywood Leonardo DiCaprio, a fim de constatar pessoalmente os efeitos das alterações climáticas em diversas partes do mundo, enquanto Mensageiro da Paz das Nações Unidas, nomeado em 2014.

Durante o encontro de reflexão decorrido na sala de reuniões da ADRA, os 16 participantes (8 mulheres), provenientes de diferentes organizações de promoção e defesa do Ambiente em Luanda, foram unânimes em afirmar que ainda é possível mudar o futuro para o bem da Humanidade e do Planeta Terra, com recurso a acções mais sustentáveis, que reduzam a emissão de gases prejudiciais ao Ambiente.

“É urgente que se pare agora para que o ambiente cure as suas próprias feridas”, apela Edvaldo Pimentel, da Associação Nação Verde, que responsabiliza o ser humano pelo aumento da temperatura no Planeta e postula: “Não existem problemas ambientais, existem sim sintomas ambientais de problemas humanos”.

Para o jovem, o aproveitamento da luz do sol para a produção da energia eléctrica é uma alternativa capaz de resolver grande parte do problema que a humanidade enfrenta relativamente ao clima e defende que haja maior investimento dos Estados.

No documentário protagonizado por Leonardo DiCaprio, observa-se entre as consequências das alterações climáticas e da exploração desenfreada do ambiente: a ausência de chuvas fora do período normal de precipitação, a poluição do ar, altas temperaturas atmosféricas, a subida do nível do mar e o desaparecimento de vidas animais e vegetais. O filme sustenta, por exemplo, que a substituição do consumo da carne vermelha por frango pode reduzir 80% das emissões de metano para a atmosfera, uma substância tóxica produzida pelos animais bovinos quando se alimentam e que é altamente prejudicial ao ambiente.

Para Ornélio Caiombo, da Associação Futuro Verde, e Arlete Nhanga, da Associação de Activistas de Saúde Comunitária e Ambiente (AASCA), os problemas relativos à intervenção do ser humano no planeta têm, principalmente, motivações económicas e políticas, lideradas por exploradores de recursos naturais sem respeito ao ambiente com o fim último de enriquecimento pessoal e de grupos (capitalismo selvagem) e o comportamento de governantes que decidem em favor das empresas poluidoras do ambiente, em detrimento do bem-estar dos povos que governam.

“Estamos a cumprir leis políticas e descartamos a Lei da Natureza”, sustentou a activista Artete Nhanga, atribuindo a responsabilidade à consciência humana que, segundo ela, não respeita o ambiente. “Tudo isso é fruto da consciência do Homem!”, exclamou.

De acordo com Marisa Armando, membro da AASCA, a solução para o problema ambiental passa pela transição agroecológica, que consiste na produção de alimentos e outros bens com práticas mais sustentáveis, mais amigas dos ecossistemas.

Carmo Monte Negro, activista climático e membro da organização ambiental Otchiva

Enquanto moderador do debate, o activista climático e membro da organização ambiental Otchiva, Carmo Monte Negro, confirma que a transição agroecológica, a par da transição de energética, é o caminho mais adequado, mas alerta para os riscos ambientais que destas podem surgir, apelando as organizações de defesa do ambiente a estarem mais atentas às soluções encontradas pelos governos.

“Devemos ter cuidado com a transição energética. Porque, por exemplo, os campos de painéis solares podem ser zonas agrícolas ou florestais, que também é prejudicial ao ambiente e às famílias”, alertou o também professor universitário. “Neste caso, poderiam ser aproveitadas as montanhas para o efeito”, sugeriu.

O Encontro Temático é um espaço de debates mensais promovido pela ADRA na sua Sede, em Luanda, com o objectivo de reunir jovens e membros de organizações da sociedade civil para reflexões que incentivem a tomada de consciência e maior participação dos cidadãos em assuntos de interesses públicos. O encontro é financiado pela organização alemã “Pão para o Mundo”.

ADRA – Mais de 30 anos construindo caminhos para a Cidadania e Inclusão Social em Angola
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