COVID-19: Camponeses temem por dias mais difíceis

9/6/2021 3:13 PM

Os camponeses da comunidade da Baixa da Missão, na Huíla, dizem temer por dias ainda mais difíceis face ao crescimento do número de casos de COVID-19 no país.

Os trabalhadores do campo receiam que um eventual decreto de Estado de Emergência, pela segunda vez, prejudique o processo de escoamento dos produtos do campo para as cidades.

A membro da Associação Agrícola da Baixa da Missão, Centenária Víctor, aponta a pandemia como um retrocesso na vida dos camponeses e descreve os seus efeitos nas famílias da localidade.

“Temos tido algum rendimento na lavra colectiva e nas individuais, e têm nos ajudado muito”, menciona a tesoureira da Associação, adiantando que “nem todos os camponeses têm a mesma sorte”, já que há na comunidade famílias que têm apenas uma refeição por dia.

“Aqui a vida está difícil e se decretarem Estado de Emergência desta vez, não teremos como vender os produtos, estamos com medo que venham mais dias difíceis”, destacou.

Para além do receio face ao comportamento da Covid-19 no país, o coordenador da Associação da Baixa da Missão enumera a falta de adubos orgânicos e as vias degradadas como situações que aos camponeses locais “tem tirado o sossego”.

Oreste Amândio acrescenta ainda que, neste ano, sobre 4600 metros ao quadrado do campo colectivo já foram colhidas 17 toneladas de repolho, vendidos nos principais mercados da província da Huíla.

“Como associação temos muitos desafios, queremos deixar de ser uma associação e passar para uma cooperativa para beneficiarmos de um microcrédito a fim de dar um suporte na produção agrícola.”

O coordenador da intervenção da ADRA no município da Humpata, Cecílio Elindo, afirmou que a Organização tem estado a potenciar as associações em aspectos metodológicos, organizacionais e de comerciais, com reforço neste período da Covid-19.

“Estamos preocupados com as dificuldades que eles têm vivido e no âmbito das acções de complementaridade, trabalhamos com os nossos parceiros do município, através de lóbi e advocacia, na identificação de potenciais compradores para o escoamento dos produtos agrícolas”.

A Associação da Baixa da Missão é composta por 25 membros, dos quais 17 mulheres, e tem sido apoiada pelo projecto Direito à Água, financiado pela Solidariedade Prática da Suécia e o ForumSyd.

O projecto visa fortalecer a capacidade das associações de agricultores locais de exigir o direito à água, numa perspectiva de Direitos Humanos e Igualdade de Género, no município de Longonjo, província do Huambo, e na Humpata e Gambos, província da Huíla.

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