Benguela: Líderes tradicionais apelam à tolerância nas eleições

2/6/2022 6:40 PM

Um grupo de autoridades tradicionais, em Benguela, defende maior tolerância nas próximas eleições gerais. Os sobas destacam a importância da convivência pacífica na diversidade de opiniões e escolhas políticas, assim como a necessidade de se construir um país melhor para cada angolano.

De acordo com o soba do Bairro da Graça, Ventura Zacarias, promover a tolerância é um desafio para todos, neste ano eleitoral. “Nós temos visto desavenças partidárias com muita frequência e, como autoridades tradicionais, devemos aprender mais sobre o assunto para poder levar a informação à comunidade”, disse.

O sobado Bairro Compão, Manuel Carvalho, afirma que a intolerância política “não traz paz para a sociedade”, por isso é preciso garantir que não haja casos de intolerância.

“Estão a faltar três meses para a realização das eleições gerais, devemos estar munidos de informações para passar aos moradores dos bairros, e vamos fazer da tolerância política um valor patriótico, só assim a nação vence”, defendeu a autoridade tradicional.

O apelo foi feito à margem do Seminário de Capacitação sobre Intolerância Política, decorrido na cidade de Benguela, tendo reunido 40 pessoas, das quais sete mulheres, entre autoridades tradicionais, representantes de organizações não governamentais, de órgãos de justiça e direitos humanos, partidos políticos, entidades religiosas, coordenadores das comissões de bairros e quadros da ADRA.

Para o facilitador da capacitação, Júlio Lofa, disse que a inimizade e a insensibilidade face à dor do outro são factores que contribuem para o surgimento da intolerância política.

“Quando não há flexibilidade a intolerância surge para desestruturar a sociedade”, declarou o facilitador, defendendo que os partidos políticos devem pautar pelos os princípios democráticos, como a participação do cidadão, igualdade, prestação de contas, transparência, eleições livres e justas regulares, liberdade económica, protecção dos direitos humanos e do sistema de multipartidarismo, para que o país consolide a convivência pacífica e continue a promover a tolerância entre os cidadãos.

“Este seminário teve um impacto positivo para nós, coordenadores de bairros, que nossa missão é de passar informações às comunidades, mas devo dizer que debates e encontros com temas como intolerância política devem ser promovidos também dentro das comunidades, uma vez que estamos no ano eleitoral a população carece de informações deste tipo”, afirmou Abel Chavonga, coordenador da Comissão do Bairro 4 de Abril.

O Secretário Provincial da Coligação de Partidos Políticos CASA-CE, Martins Domingos, propõe a elaboração de uma lei específica sobre a intolerância política, para se prevenir e combater os casos de intolerância.

“Devíamos ter uma lei específica de intolerância política para se disciplinar essa montagem que se tem feito a nível interno dos partidos políticos, nós vamos entrar no novo processo eleitoral já em Agosto, as eleições são preparadas em 4 anos e não em dois meses, e digo que as eleições já começaram e começaram com o registo, o que vai acontecer em Agosto é acto de votação”, reforçou o político.

A seminário faz parte do Projecto COSCA-Angola “Capacitando Organizações da Sociedade Civil para o Processo Autárquico”, implementado nas províncias de Benguela, Malanje e Luanda, com o apoio financeiro da Fundação Hanns Seidel.

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