“Cada um tem o seu partido… vamos viver e aceitar a diferença”

1/4/2022 5:44 AM

O conselho é do ancião José Amoyela, proferido recentemente, durante o Seminário de Capacitação sobre Monitoria de Intolerância Política, realizado pela ADRA no município do Cubal, província de Benguela.

De 73 anos e longa experiência de participação em pleitos eleitorais no país, José Amoyela apelou aos mais de 50 participantes do Seminário a envolverem-se activamente no processo eleitoral, preparando-se para exercer o dever de cidadania.

“Lembrar as senhoras que, depois da celebração da paz, foram realizadas mais três eleições e não houve guerra e, com certeza, não será agora”, avançou o ancião, confiante num processo eleitoral baseado na tolerância política e no respeito à diferença.

Para Amoyela, os conflitos não geram bem-estar entre os cidadãos e não podem ser opção para os eleitores, nem mesmo para os políticos.

“Todos nós sabemos, até mesmo os líderes dos partidos políticos, que esta experiência não é boa”, declarou, reforçando o apelo às mulheres: “podem votar à vontade, mamãs! Cada um tem o seu partido no coração, vamos viver e aceitar a diferença”.

De 53 anos, Ana Ndona e o seu esposo moram juntos há vários anos e conta a sua experiência de vida marcada por escolhas políticas diferentes, mas preenchida pelos sentimentos de amor e tolerância.

“Eu sou do MPLA, o meu marido é da UNITA, mas nós nunca discutimos, isso porque respeitamos a decisão de escolher partidos diferentes, sempre nos respeitamos”, revelou a cidadã, residente na Comuna da Capupa, no Cubal.

Ana Ndona reforçou o apelo aos presentes a dirigirem às urnas para depositarem os seus votos em Agosto próximo e para fazerem valer as suas escolhas rumo ao desenvolvimento do país.

Durante a sessão, foram abordados temas como: conceitos de eleições, democracia, cidadania, liderança, intolerância e monitoria; foram analisadas técnicas de monitoria, denúncia e resolução de casos de intolerância política nas comunidades, funcionalidades da nova lei eleitoral e enquadramento legal do código de conduta eleitoral.

O facilitador do seminário, Vidal Benjamim Ponha, disse que os líderes políticos devem pautar por uma conduta cívica, observando a Constituição da República e as leis das eleições gerais.

“De igual modo os líderes políticos devem evitar discursos musculosos, para não promoverem conflitos, actos de vandalismo e de intolerância”, ressaltou.

O jurista e professor apelou também às autoridades a serem os exemplos na promoção de condutas integradoras, no sentido de reforçarem a paz e a unidade nacional.

“Os cidadãos devem dirigirem-se aos Balcões Únicos de Atendimento ao Público (BUAP) para actualizarem as suas zonas de residência, a fim de exercerem o seu direito de cidadania”.

Com objectivo de dotar as lideranças das Organizações Locais da Sociedade Civil em política e reforçar a capacidade dos líderes na promoção do diálogo e denúncia de casos de intolerância política, o Seminário de Capacitação juntou, a 10 de Março, 53 pessoas, entre quadros da administração local, representantes dos órgãos de defesa e segurança, representantes de partidos políticos e organizações não governamentais, autoridades tradicionais, entidades religiosas e líderes de associações e cooperativas agrícolas.

Esta acção enquadra-se no Projecto COSCA-Angola, financiado pela Fundação Hanns Seidel.

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